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geral | sexta, 12 de fevereiro de 2016 - 17:25

Após mais uma morte de bebê, conselho quer auditoria federal para HU

O CMS (Conselho Municipal de Saúde) de Dourados acredita que só uma auditoria federal poderia esclarecer a questão que envolve as mortes de gestantes e bebês atendidos no HU-UFGD (Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados), cuja quantidade de óbitos a entidade considera “fora do comum”. Somente este mês, dois casos chamam a atenção: a morte de uma mãe que recém tinha ganhado o bebê e o óbito de um feto ainda na barriga de uma adolescente de 15 anos de idade. No entanto, as denúncias de casos semelhantes são recorrentes nos últimos anos.

Segundo a presidente do CMS, Berenice Oliveira Machado, “há um número de mortes elevado, fora do comum, sem contar a grande violência obstétrica que acontece lá [no HU-UFGD]. São várias denúncias, as mulheres são muito mal tratadas lá dentro e a gente não consegue investigar a fundo. Eles [do hospital] falam que é superlotação, mas não é. O conselho visitou lá por vários dias seguidos e tinha leito sobrando. Não dá para saber”, afirma.

De acordo com o Conselho, as denúncias são recorrentes e a entidade já fez todos os encaminhamentos e deliberações necessários com relação a isso. A presidente pontua que esses foram feitos através da própria entidade, como com denúncias ao Ministério Público que se transformaram em inquérito.

“Em resposta [aos encaminhamentos], o HU não assume sua responsabilidade, joga a culpa no pré-natal mal feito, na presidente do conselho que está colocando o problema na mídia, falam que não tem investigação de óbito, não tem isso, não tem aquilo. Então a gente não consegue saber o que realmente acontece. Eles não dão uma resposta para isso”, afirma Berenice.

Ele ainda pontua que o HU-UFGD é “intocável” e que somente uma intervenção feita através de uma auditoria federal poderia resolver a questão. A presidente diz ainda que a entidade já procurou a CGU (Controladoria Geral da União), mas não obteve resposta. Porém, que vai buscar outros meios para que essa auditoria aconteça. “Não dá para continuar desse jeito”, disse.

Em nota encaminhada através da Assessoria de Comunicação, o HU-UFGD informou que cabe ressaltar que existe “um inquérito civil em andamento para a apuração dos óbitos fetais registrados nos últimos anos, o que inviabiliza a afirmação de que o hospital seja um órgão ‘intocável’”. O órgão ainda informou que por meio de “sua equipe de governança, tem colaborado em todas as diligências feitas pelo poder público no sentido de investigar as causas desses óbitos e, certamente, o continuará fazendo”.

As Mortes

A morte mais recente que chama a atenção foi a de um feto que até a noite de quinta-feira (11), ainda estava na barriga da mãe, uma adolescente de 15 anos de idade que seguia internada no HU-UFGD. A família acredita que pode ter havido erro médico e procurou a Polícia Civil, além de contato com o Conselho Municipal de Saúde.

Através de nota, o HU-UFGD informou que a paciente procurou o local alegando dores abaixo do ventre na segunda-feira (8). Nessa data, ela estava com 39 semanas e cinco dias de gestação. No entanto, a jovem estava “fora de trabalho de parto e não havia sinais clínicos que motivassem a realização de uma cesariana”.

Conforme o hospital, a avaliação realizada na segunda-feira indicou que “o bebê estava com as condições vitais íntegras e que não havia perda de líquido”. Foi então, agendado um retorno da gestante ao HU-UFGD para a manhã de quarta-feira (10), quando seria feita uma reavaliação. “No entanto, em seu retorno, foi identificado o óbito fetal”.

Também segundo o hospital, os procedimentos para diagnóstico de óbito do feto seguem um protocolo, que consiste “na auscultação do som do coração do bebê com um sonar (equipamento próprio para percepção dos batimentos cardíacos do feto) e na execução de ultrassonografia”. Ambos foram aplicados na paciente para confirmar que o feto havia falecido.

Segundo o Conselho, a suspeita de família é de que haja negligência, visto que a gestante foi atendida, mandada para casa e quando retornou o bebê estava morto. A entidade encaminhou conselheiros ao HU-UFGD no final da tarde de quinta-feira para apurar o ocorrido.

A gestante permanecia internada no hospital até a noite de quinta-feira, onde passava pelo procedimento de indução ao parto. Ela foi encaminhada na tarde de quarta-feira para o Centro Obstetrício, onde o procedimento acontece. Houve demora para a internação da jovem. Segundo o HU-UFGD, esta não foi imediatamente após a identificação do óbito “em função de os leitos obstétricos estarem com sua capacidade ultrapassada”.

O HU-UFGD esclarece que quando há casos de mortes de feto com essas características, o Ministério da Saúde recomenda que a retirada dele do ventre da paciente “seja feita por meio de indução ao parto normal, pois uma cesariana implicaria em mais riscos à saúde da mulher. Uma curetagem também não seria o procedimento adequado, pois se aplica a fetos com até 12 semanas”.

Na semana passada, outro caso de morte após atendimento no HU-UFGD já havia sido denunciado à polícia. Trata-se de Rosimara Ramires Machado, 30, que morreu na noite de dia três deste mês, após dar à luz no hospital. Familiares relataram que a mulher estava gestante de 40 semanas e que no dia dois procurou atendimento no local, relembre aqui.

O hospital emitiu uma nota alegando que foi seguido todo o protocolo de internação, que houve indução ao parto no dia dois porque a paciente estava com pouco líquido intrauterino. Porém, relatou que como o resultado não foi satisfatório, no dia seguinte, ela passou por cesariana. A mãe e bebê não teriam apresentado problemas e ela teria, inclusive, amentado o filho. No entanto, a paciente teve posteriormente uma parada cardiorrespiratória e morreu, relembre aqui.



Fonte: da hora bataguassu
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