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terça, 23 de abril de 2024
terça, 18 de junho de 2019 - 10:15

Em protesto, servidores da UFGD cantam música-símbolo contra ditadura

Professores e administrativos protestaram no prédio da reitoria contra nomeação de Mirlene Damázio; eles apontam intervenção

A reitora temporária da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), Mirlene Ferreira Macedo Damázio, voltou a ser alvo de protesto nesta segunda-feira (17) em Dourados, a 233 km de Campo Grande.

 

Professores e servidores administrativos ocuparam o prédio da reitoria na Rua João Rosa Góes, na Vila Progresso, e colocaram faixas e cartazes na portaria, nos muros e murais protestando contra a decisão do ministro da Educação Abraham Weintraub de ignorar a lista tríplice elaborada após eleição entre a comunidade acadêmica.

Assim como os estudantes, que na sexta-feira (14) ocuparam o prédio para protestar, professores e administrativos afirmam que a nomeação foi intervenção na autonomia da universidade. “Quem escolheu Mirlene?”, questiona cartaz colado na recepção da reitoria. “Sob intervenção”, diz outro afixado no pórtico da UFGD.

Com balões laranjas, os manifestantes se concentraram em frente ao acesso à sala da nova reitora e cantaram a música “Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, mais conhecida como “caminhando e cantando”. A música ficou conhecida nos anos 70 e 80 como símbolo da resistência estudantil contra a ditadura militar que governou o país por 21 anos.

Organizadores do protesto afirmam que a cor laranja dos balões foi escolhida para simbolizar as denúncias envolvendo candidaturas “laranjas” do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro.

Em seguida os manifestantes deixaram o prédio da reitoria. A reportagem apurou que Mirlene Damázio ainda não conversou com a comunidade acadêmica e está montando sua equipe de trabalho.

 

 
Cartaz colocado por manifestantes durante protesto hoje no prédio da reitoria (Foto: Direto das Ruas)Cartaz colocado por manifestantes durante protesto hoje no prédio da reitoria (Foto: Direto das Ruas)

Na semana passada, a Adulf Dourados (Associação dos Docentes da Universidade Federal da Grande Dourados) se posicionou oficialmente contra a nomeação e chamou a reitora de “interventora”.

Para a entidade, a nomeação de Mirlene Damazio “se fez ao arrepio da legalidade” de todo o processo da consulta prévia e da indicação da lista tríplice encaminhada ao MEC. “Uma interventora nomeada com notórios vínculos na campanha de uma chapa, cujo projeto ficou em último lugar no processo de consulta prévia à comunidade acadêmica”.

Mirlene Damázio substitui a reitora Liane Calarge, cujo mandato de quatro anos terminou no dia 10. Ela foi nomeada como “reitora pro tempore”, ou seja, em tese poderá ser substituída a qualquer momento.

A lista tríplice elaborada após consulta prévia à comunidade universitária é formada pelos professores Etienne Biasotto, Jones Dari Goettert e Antônio Dari Ramos e envida em março pela UFGD, mas devolvida em seguida pelo Ministério da Educação, que apontou irregularidade na escolha dos nomes.

No mês passado, a Justiça Federal chegou a suspender a lista tríplice a pedido do MPF (Ministério Público Federal), mas duas semanas depois revogou a medida. Para o MPF, os três que disputaram a consulta prévia deveriam ser incluídos na lista e não apenas o primeiro colocado. O juiz, no entanto, decidiu que a UFGD tem autonomia para definir critérios da consulta interna.

Para o DCE (Diretório Central dos Estudantes), a nomeação foi feita “da pior forma possível”, via portaria do Ministério da Educação. “A professora nomeada não participou da consulta prévia, não está na lista tríplice e ainda mais, apoiou publicamente uma das chapas candidatas na consulta prévia, a Chapa 2 (UFGD em Ação) que terminou o pleito em último lugar com 18% dos votos”.

O diretório defende a nomeação do reitor eleito Etiene Biasotto e da vice-reitora eleita Cláudia Lima. “A chapa eleita em primeiro lugar na consulta prévia obteve mais do que o dobro de votos de estudantes daquela que ficou em segundo lugar no nosso segmento, portanto, se trata de um dever do DCE defender que a vontade dos estudantes seja cumprida”.



Fonte: Campo Grande News
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