“Uma situação muito constrangedora”, descreve a moradora das Moreninhas que alugava quarto para Eurico dos Santos Matos, de 28 anos, preso nessa quarta-feira (20) em Joinville (SC) por envolvimento com a milícia investigada na Operação Omertà. A frase da dona da casa se refere ao dia 23 de abril, quando segundo ela, a polícia cercou a residência atrás do técnico em informática.
“Fui pega de surpresa”, completou. Com medo da repercussão da prisão e de tudo o que se ouviu até agora sobre o grupo de extermínio investigado, ela quis falar pouco. “Não tenho nada a ver e tenho criança pequena”, disse à equipe do Campo Grande News.
A locadora, contudo, deu algumas informações sobre o inquilino, que desde abril não teve mais notícia. “Eu não ficava perguntando para onde ele ia, o que ia fazer, mas era uma pessoa tranquila. Não era de sair muito, tinha uma paquerinha aqui, outra ali”.
Ela revela que alugou o quarto para Eurico em dezembro de 2018. Ele era de Rondonópolis (MT) e tinha vindo a Campo Grande para fazer curso de vigilante e por causa de uma proposta de emprego. O técnico em informática ficou na casa dela até abril, quando foi levado pela polícia para depor e teve o quarto vasculhado.
“Ele era apenas um inquilino e infelizmente isso aconteceu dentro do meu território”, completou a entrevista.
Peça-chave – Segundo a polícia, o homem é peça-chave na investigação sobre o assassinato de Matheus Coutinho Xavier, de 20 anos, morto com tiros de fuzil que eram destinados ao pai dele, no dia 9 de abril deste ano.
Conforme a investigação, Eurico foi “contratado” para hackear o celular de Paulo Roberto Teixeira Xavier, capitão da PM e pai de Matheus, e rastreá-lo em tempo real. O serviço não chegou a ser executado, segundo o depoimento do técnico de informática, mas foi ele quem deu à polícia o nome de Juanil Miranda Lima, um dos executores do jovem estudante de Direito, de acordo com a apuração.
O técnico em informática foi ouvido pela DEH (Delegacia Especializada de Homicídios) no dia 23 de abril, 14 dias depois da execução de Matheus. À época, ele disse à polícia que tinha medo de morrer e foi liberado após prestar depoimento porque se comprometeu a colaborar com as investigações.
Eurico disponibilizou acesso integral às suas conversas do WhatsApp, Facebook, Instagram, Menssenger, e-mail e deixou para a polícia seu celular desbloqueado. Ele também não pediu para depor acompanhado de advogado e nunca respondeu a processo criminal.
O pedido de prisão, porém, é embasado na tese de que quem contribui para a execução de um crime, deve responder pelo mesmo, previsto no artigo 29 do Código Penal. A polícia também constatou que Eurico mantinha contato frequente com os pistoleiros, informação que não foi relatada por ele no depoimento dado antes de desaparecer.